Brazil
July 7, 2015
A grade de palestras do VII Congresso Brasileiro de Soja, realizado de 22 a 25 de junho, em Florianópolis (SC), contou com a contribuição de pesquisadores da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT. No segundo dia de evento, Leandro Zancanaro e Rosangela Silva apresentaram os temas “Gargalos e perspectivas para o Bioma Cerrado” e “Manejo de Nematoides”, respectivamente.
Leandro Zancanaro é mestre em Ciência do Solo e coordena desde 2000 o PMA - Programa de Monitoramento e Adubação da Fundação MT. Sua apresentação fez parte do painel ‘Desafios para o manejo sustentável dos nutrientes em sistemas de produção de soja’, que contou ainda com palestras de pesquisadores da Embrapa Soja, IPNI Brasil e IPNI Cone Sul.
Zancanaro abordou dados sobre o histórico de expansão da cultura soja no bioma Cerrado, que teve aumento anual significativo a partir da década de 70. “A produtividade até o início do século 21 também demonstrou aumentos significativos anuais. Porém, em Mato Grosso, a partir das safras 1999/2000 até a safra 2015/2016 houve estagnação da produtividade. Algo semelhante aconteceu em Goiás e Mato Grosso do Sul, mas nestes dois estados houve variabilidade intensa das produtividades. O Maranhão apresentou tendência de crescimento da produtividade, porém, com variação entre cada safra. Em todos esses estados a produtividade média nunca ultrapassou a barreira de 52 a 53 sacas por hectare. Esta variabilidade está muito associada as condições de pluviometria durante o ciclo da soja”, explicou.
O pesquisador destacou ainda sobre a importância do sistema de plantio direto, que implica diretamente na eficiência de aproveitamento dos nutrientes já presentes no solo e os aplicados. “Hoje é nítido o impacto do sistema de produção na produtividade final, e podemos afirmar que este apresenta, na maioria das vezes, maior impacto que a adubação realizada em cada cultura quando há um solo corrigido quimicamente ao longo do tempo. Sabemos que é possível ter respostas diferentes a adubação para solos com os mesmos resultados quanto as análises de solo, em função do sistema de produção adotado ao longo do tempo”.
Para Zancanaro, o maior desafio no manejo sustentável de nutrientes é desenvolver nos produtores e, principalmente nos profissionais da área técnica, a visão sistêmica. Como exemplo, citou a implantação da estação de pesquisa em sistemas de produção da Fundação MT, com sete anos de trabalhos conduzidos, onde na safra 2014/2015 foi utilizado em um dos experimentos variedade de soja superprecoce e houve a ocorrência de má distribuição pluviométrica. “Foi obtida a diferença de até 30 sacas de soja por hectare em função do sistema de produção adotado. Neste experimento, de longa duração, é nítida a importância do tempo na avaliação dos resultados e que são as outras culturas que permitem a viabilidade da soja, mesmo em um solo de textura argilosa e com fertilidade química corrigida”, completou.
A nematologista e doutora em fitopatologia Rosangela Silva falou sobre as espécies de nematoides que comprovadamente são responsáveis por elevadas perdas na cultura da soja. Essa foi a única palestra referente ao tema no Congresso. A pesquisadora explicou que para a convivência com esses patógenos o manejo deve ser planejado e executado com atenção e de forma antecipada. “Hoje em dia estão disponíveis várias e eficientes ferramentas de manejo para cinco espécies de nematoides”. Rosangela também lembrou da importância de se evitar a disseminação de algumas espécies de fitonematoides ainda pouco encontradas, a fim de conter a introdução em áreas não infestadas. A importância do planejamento da lavoura e do conhecimento das espécies presentes para estabelecer um bom sistema de manejo foi outro ponto abordado pela especialista.
Conforme Rosangela, é importante conhecer espécies de plantas hospedeiras dos nematoides utilizadas na rotação e na sucessão de culturas, que hoje é a principal ferramenta de manejo, aliado ao aumento de palha e matéria orgânica, além do uso de produtos biológicos e químicos nas áreas onde o manejo está sendo praticado. “Na maioria das vezes os produtores esperam que apenas com o uso das cultivares resistentes (solução menos onerosa) o problema será resolvido, porém, eles esquecem que dificilmente as áreas estão infestadas com apenas uma espécie de nematoide e que as cultivares com boa produtividade (mais plantadas) geralmente não conferem resistência a mais de uma espécie. Dessa forma, eles têm que ter uma visão sistêmica, a fim de obter maior sucesso na produção”, destacou.
Evento
O Congresso Brasileiro de Soja é promovido e realizado pela Embrapa Soja e considerado o principal evento no Cone Sul, envolvendo todo o complexo soja brasileiro. Tem, entre seus objetivos, discutir com todos os participantes da cadeia produtiva os problemas, as possíveis soluções e as tendências do agronegócio da Soja no Brasil e no mundo. Em sua 7ª edição, o CBSoja foi realizado em conjunto com o Mercosoja 2015, evento que reúne públicos estratégicos da Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e países associados ao Mercosul.
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