Brazil
September 19, 2024
Estratégia auxilia na uniformização das lavouras e permite a antecipação da colheita
A época de pré-colheita é um período determinante para a qualidade das lavouras de trigo. Problemáticas como a chegada de frentes frias e geadas podem causar a desuniformização da cultura, exigindo o uso de estratégias eficazes para minimizar os prejuízos, como a adoção da dessecação em pré-colheita.
Ao tratar a lavoura com a dessecação, buscando uniformização, todas as plantas ficam em estágios semelhantes de desenvolvimento, o que simplifica a colheita mecanizada. Com menos palha e vegetação verde, o sistema de trilha da colhedora opera de forma mais eficiente, resultando em economia de combustível e menor quantidade de resíduos durante a trilha.
Mas esse não é o único benefício da dessecação. Além de melhorar a uniformidade, também é possível adiantar a colheita, otimizar o escalonamento, reduzir os riscos de chuva em pré-colheita e diminuir as perdas com qualidade industrial.
Escalonamento
Quando as sementes são semeadas simultaneamente, a dessecação permite escalonar a colheita dos grãos, facilitando o recebimento na indústria e evitando sobrecarga no processo de recebimento.
Antecipação da colheita
Normalmente, uma lavoura atinge o ponto de maturidade fisiológica e leva cerca de 20 a 21 dias para estar pronta para a colheita. Com a dessecação, esse período pode ser reduzido para 10 a 11 dias após a maturidade fisiológica, diminuindo a exposição dos grãos às condições climáticas adversas e, consequentemente, a deterioração.
Aspectos técnicos
A dessecação deve ser realizada no ponto de maturidade fisiológica, correspondente aos estágios GS 85 a GS 87 da escala de Zadoks, quando os grãos estão em estado pastoso mole ou pastoso duro, respectivamente.
Um método de identificação é marcar o grão com a unha. Se a marca permanecer, a maturidade está atingida. Para uma avaliação precisa, observe essa característica na espiga da planta-mãe e o grão central. Outro sinal de maturidade fisiológica, é o amarelecimento do pedúnculo da planta.
Para garantir a eficácia, recomenda-se a avaliação de pelo menos 100 espigas ou grãos. Se mais de 70% estiverem no ponto de maturidade fisiológica, é o momento adequado para aplicar o herbicida. Mas atenção: no Brasil, o único herbicida autorizado para esse fim é o glufosinato de amônio.
Impactos da dessecação
A decisão de não realizar a dessecação pode resultar em riscos associados às condições climáticas, que podem comprometer a qualidade e o rendimento dos grãos. Estudos demonstram que a dessecação não só melhora o rendimento, mas também a qualidade industrial do trigo, especialmente o PH, que é um fator importante na comercialização.
A aplicação do herbicida deve ser precisa. Se realizada antes ou depois do ponto ideal, pode resultar em perdas significativas, de 20 a 25% no rendimento. O glufosinato de amônio é recomendado devido aos baixos níveis residuais nos grãos, conforme aprovado pela Anvisa. Alternativas não autorizadas, como o Diquat, podem deixar resíduos que ultrapassam os limites legais e afetam a qualidade dos grãos.
Utilizar o herbicida adequado no momento certo também impacta positivamente a qualidade fisiológica das sementes. A escolha errada pode levar à reprovação dos lotes para comercialização, devido à germinação abaixo dos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura.