Brazil
July 9, 2021
Um dos sistemas de cultivo mais complexos da agricultura é a sucessão soja-algodão, modelo que proporciona vários desafios aos produtores que buscam o máximo rendimento. Neste artigo, vamos abordar alguns pontos que merecem atenção no seu planejamento e estão presentes na realidade dos agricultores.
O produtor que trabalha com a cultura do algodão, em condição de segunda safra após o cultivo da soja, tem como um de seus principais desafios o “relógio”: é preciso correr contra o tempo, tendo uma janela de semeadura muito curta e pensando em obter bons resultados, tanto na soja como no algodão. Por isso, é muito comum a utilização de cultivares de soja com ciclo precoce, permitindo realizar um escalonamento da semeadura e possibilitando trabalhar com as duas culturas em uma boa janela, além de manter um elevado rendimento na soja.
Assim, a escolha de uma cultivar com ciclo oportuno e adaptada à região se tornou uma das principais decisões que o produtor deve tomar para obter um bom resultado.
Outro ponto importante a ser considerado no sistema de cultivo soja-algodão está relacionado a questões sanitárias, pois algumas doenças são comuns para as duas culturas, variando de acordo com as regiões produtoras.
Em regiões com frequente incidência de doenças, como a mancha alvo (Corynespora cassiicola), deve-se optar por cultivares que apresentem uma boa sanidade, com o intuito de diminuir a quantidade de inóculo entre os ciclos de cultivo, além de materiais com boa arquitetura e ciclo precoce, auxiliando no manejo da doença. Isso possibilita que a lavoura tenha um melhor gerenciamento na quantidade e frequência de aplicação de produtos químicos, menores perdas de rendimento por doenças e ainda colabora com o meio ambiente.
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Figura 1: A) Lesão ocasionada por mancha alvo na folha do algodão (foto: Lucas Brugnera); B) lesões de mancha alvo em folha de soja (foto: Diogo Ferrari).
Outro grande desafio é a realização de um manejo efetivo, levando em consideração que, geralmente, através do controle químico, pode acontecer uma destruição e, devido à época da realização do manejo, muitas vezes, há condições desfavoráveis para a aplicação de um herbicida.
Estas condições desfavoráveis se dão pelo fato do Cerrado, principal bioma produtor de algodão no Brasil, estar passando por um período crítico de seca, onde as plantas de algodão após a colheita apresentam um índice muito baixo de área foliar.
Considerando que a base da maioria dos herbicidas utilizados para dessecação da soqueira do algodão está ligada ao 2,4-D, principalmente pelo fato da grande quantidade de algodão cultivado com resistência ao glifosato, frisamos que é importante se atentar ao período de carência residual que o 2,4-D deixa no solo. Quando não respeitado corretamente, as sementes de soja não tolerantes ao herbicida podem ser prejudicadas.
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Figura 2: desenvolvimento inicial da cultura da soja em meio a soqueira de algodão roçada (foto: Diogo Ferrari).
Pensando na questão do manejo de plantas tigueras, hoje, é limitada a quantidade de moléculas que temos no mercado para controle da soja em meio ao algodão. Além disso, há cultivares que são tolerantes a sulfonilureias (STSTM), sendo assim produtos de trifloxissulfurom-sódico e piritiobaque-sódico, que são frequentemente usados no manejo da soja, apresentam baixa eficiência para manejá-las.
Quando trabalhamos com materiais STSTM , é recomendado posicionar em sequência cultivares de algodão que permitam a utilização de glufosinato de amônio, propiciando o manejo de forma eficiente, exceto em casos de cultivares que, além da característica STSTM , trazem também a biotecnologia Enlist®, que possui tolerância ao 2,4-D, glifosato e glufosinato de amônio.
Atualmente, as empresas que trabalham com melhoramento genético fornecem e continuam desenvolvendo cultivares que tenham adaptação às distintas necessidades dos agricultores, priorizando o compromisso de estar lado a lado do agricultor em busca do máximo rendimento.
Autor: Diogo Ferrari, Supervisor de desenvolvimento de produtos – M4