Brazil
October 17, 2013
Quatro agentes agroflorestais indígenas do Acre participam, até o dia 18 de outubro, da IX Feira Krahô de Sementes Tradicionais, no município de Itacajá, TO. Eles levaram suas sementes para trocar com os outros 2,5 mil participantes do evento, que tem o objetivo de desenvolver ações para incrementar a segurança alimentar indígena, pelo incentivo à conservação local das variedades agrícolas tradicionais e promoção de capacitações nas áreas de agroecologia e artesanato, entre outras.
Banê, Tene, Siã e Yube Kaxinawá saíram da Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, em Feijó, AC com sementes de cará, amendoim, patoá, açai, jarina, paxiúba e vão voltar com novas espécies de fava, feijão, dentre outras sementes que foram trocadas na manhã desta quarta-feira, durante a programação da Feira. Este intercâmbio integra as atividades do projeto Kaxinawá, coordenado pela Embrapa Acre em parceria com o Governo do Acre, por meio da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) além de outras instituições. Também participa da Feira de Sementes o coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá, Haru Kuntanawa.
“Estou muito feliz de estar aqui e ver o povo indígena unido, valorizando a nossa ciência tradicional”, afirmou Banê Kaxinawá durante o seu discurso na abertura do evento. Banê dividiu o palco com lideranças Krahô, Xerente, Guarani, Terena, Tembé, Kanela, Krikati, Pareci, Guajajará, Kaipó, Tenharim, da comunidade quilombola Kalunga, Kuntanawá, dentre outros grupos étnicos que vieram participar da Feira, organizada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), Fundação Nacional do Índio (Funai), Associação Kapèy – União das Aldeias Krahô, a Rede Ipantuw.
Para Getúlio Krahô, liderança do povo Krahô, é importante ver jovens como os agentes agroflorestais do Acre participando da Feira. “As nossas sementes tradicionais não estão no mercado, nem são tranportadas por caminhões. Aqui na Feira de Sementes, a gente vê muitas etnias que trocam e levam sementes para todo o lado do Brasil. Estamos fazendo isso porque temos crianças para alimentar, plantamos para comer”, afirmou.
De acordo com Haru Kuntanawá, de Marechal Thaumaturgo (AC), são as sementes que garantem a identidade do povo indígena. “A Embrapa guarda as sementes nos laboratórios, o que é muito importante, mas nós guardamos essas sementes no campo, na floresta. A experiência que o Acre tem com os agentes agroflorestais indígenas guardou esse conhecimento até hoje”, disse.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Terezinha Dias, que é uma das coordenadoras do evento, as feiras de sementes estimulam a conservação das variedades agrícolas tradicionais, pela valorização do orgulho da herança cultural relacionada aos recursos genéticos. "Além de sementes tradicionais, as feiras possibilitam às etnias compartilhar também aspectos culturais, como festas, cantos, danças, comidas, pinturas corporais, artesanatos, tornando o evento uma grande confraternização", explicar.