home news forum careers events suppliers solutions markets expos directories catalogs resources advertise contacts
 
Forum Page

Forum
Forum sources  
All Africa Asia/Pacific Europe Latin America Middle East North America
  Topics
  Species
 

Percevejos do milho safrinha


Brazil
May 2, 2012

A Região Centro-Oeste é responsável por mais de 28% da produção de milho no Brasil. A intensificação do cultivo dessa gramínea especialmente na segunda época (safrinha), bem como a rotação e sucessão de culturas têm modificado significativamente os agroecossistemas e o manejo fitossanitário dessa cultura, proporcionando alterações na composição e abundância das espécies de insetos que nela ocorrem. A introdução de uma nova espécie vegetal ou de uma variedade, e até mesmo a adoção de alguma mudança importante nas práticas culturais, pode concorrer no sentido de que insetos considerados historicamente como de importância secundária tenham adquirido a categoria de pragas primárias.

Embora o sistema plantio direto (SPD) tenha várias vantagens econômicas e ambientais sobre o sistema convencional, este sistema de cultivo pode favorecer o desenvolvimento e a sobrevivência de algumas pragas, por fornecer alimento e abrigo. Este é caso atualmente protagonizado pelos percevejos presentes no milho cultivado após a cultura da soja (milho safrinha) no SPD, onde esses insetos podem causar danos de grande impacto. Os percevejos fitófagos apresentam como principal característica o hábito de introduzirem seus estiletes no substrato de alimentação, podendo atacar várias estruturas das plantas, embora as sementes e os frutos sejam os locais preferenciais a alimentação.

O aumento das populações de percevejos no cultivo de milho safrinha tem sido acompanhado por frequentes ocorrências de danos na cultura. Basicamente, quatro espécies de percevejos podem ser encontradas associadas ao milho safrinha, sendo elas os percevejos barriga-verde, Dichelops melacanthus e D. furcatus, o percevejo marrom, Euschistus heros e o percevejo verde, Nezara viridula. No entanto, o que apresenta maior potencial de dano na cultura do milho, é o percevejo barriga-verde.

Os percevejos do gênero Dichelops tem como distribuição geográfica os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, além da Região Sudeste do estado de São Paulo. A espécie encontrada em milho safrinha, no Estado de Mato Grosso do Sul, foi identificada como Dichelops melacanthus (Dallas) com o pico de sua ocorrência sendo verificada durante o mês de abril. Este percevejo apresenta na extremidade anterior da cabeça uma reentrância longitudinal profunda, conferindo um aspecto bifurcado àquela região. O adulto (Fig. 1) mede cerca de 10mm de comprimento e apresenta prolongamentos laterais do pronoto, em forma de espinhos, sendo as extremidades destes, escuras.

 

 

Na base do escutelo há um ponto branco, pequeno, de difícil percepção a olho nu. Sob lupa verifica-se que é uma região terminal, quitinosa, brilhante, esbranquiçada, com a forma de ferradura. Na parte dorsal tem coloração marrom e na ventral, verde, daí o seu nome comum. Seus ovos (Fig. 2) são de coloração verde-azulada, podendo ser depositados sobre as folhas de milho ou sobre as de invasoras, como o cordão-de-frade, Leonotis nepetaefolia (L.). As ninfas apresentam coloração verde.

 

 

O percevejo barriga-verde ocorre normalmente em baixas populações na cultura da soja e, aparentemente, multiplica-se em hospedeiros intermediários, até que seja instalada a cultura do milho safrinha. Altas populações desses percevejos são normalmente verificadas sobre a massa de grãos em cima dos caminhões por ocasião da colheita da soja. Esses percevejos são facilmente encontrados na planta daninha ”vassourinha” (Sorghun spp.), onde são observados os furos característicos oriundos das punções que o inseto fez quando alimentou-se na base do colmo da planta jovem.

Os mesmos sintomas podem ser esporadicamente encontrados em plantas do gênero Brachiaria. A distribuição espacial do inseto no campo é influenciada pela vegetação e temperatura ambiente, apresentando maior atividade ao cair da tarde. Ninfas e adultos de D. melacanthus preferem ambientes de temperaturas amenas, como os proporcionados pelas sombras das ervas daninhas que não foram controladas pelos herbicidas. Com isso, o ataque do inseto ao milho não é tão intenso durante as horas mais quentes do dia, mas pode acentuar-se ao entardecer e, provavelmente, à noite. Logo nos primeiros dias após germinação do milho já é possível ver adultos e ninfas caminhando sobre o solo.

Para se alimentar no milho, o percevejo barriga-verde posiciona-se com a cabeça voltada para baixo, na base do colmo da planta. Nos locais de alimentação são observadas pontuações escuras nas folhas novas do interior do cartucho. Se, no processo de alimentação, o meristema apical for danificado, as folhas centrais da plântula murcham e secam, manifestando o sintoma denominado “coração morto”, podendo também ocorrer o perfilhamento da planta o que a torna improdutiva. Quando o meristema apical não é danificado, as primeiras folhas que se desenrolam do cartucho apresentam estrias esbranquiçadas transversais, muitas vezes com perfurações de halo amarelado, provenientes das punções que o inseto fez quando se alimentou na base da planta ainda jovem. Existem também evidências de que o inseto, ao se alimentar, injeta saliva para facilitar a penetração do estilete no tecido foliar e, consequentemente, extrair o alimento (seiva da planta). Algumas folhas do cartucho não conseguem se desenrolarem, as quais formam um aspecto de “encharutamento” (Fig. 3).

 

 

Controle: O controle do percevejo-barriga-verde pode ser realizado preventivamente, empregando-se inseticidas via semente ou através de pulverização sobre as plantas. De um modo geral, os inseticidas do grupo dos neonicotinóides, quando aplicados nas sementes, têm proporcionado um melhor controle do inseto do que os outros grupos químicos. Cabe salientar que, se população do percevejo estiver muito alta na área a ser cultivada com milho, apenas o tratamento das sementes com inseticidas não será suficiente para a contenção desse inseto. Dessa forma, recomenda-se que antes de efetuar a semeadura do milho, seja feita uma inspeção na área em que a lavoura será implantada visando constatar a presença de ninfas e adultos do percevejo.

Quando for constatada uma alta população da praga, recomenda-se efetuar uma pulverização com inseticida na palhada, além do tratamento das sementes do milho. Os inseticidas recomendados, em pulverização, para o complexo de percevejos fitófagos da soja são normalmente eficientes no controle do percevejo barriga-verde, em milho, embora se tratasse de outra cultura em que os produtos não foram ainda registrados para a praga. É também conveniente, que antes da semeadura do milho, o técnico avalie se as ervas daninhas não estão servindo de abrigo para o percevejo. Em caso positivo, deve-se promover o melhor controle possível das invasoras e monitorar a população do percevejo já nos primeiros dias seguintes à germinação do milho. Também como forma de controle, podemos citar alguns agentes de controle biológico, tais como o microhimenóptero Telenomus/ sp. que parasita ovos do percevejo barriga-verde enquanto parasitóides da Família Tachinidae desenvolvem-se em adultos.

O período de maior cuidado com o percevejo é durante a fase inicial de desenvolvimento da cultura, quando a planta é mais suscetível ao ataque do inseto. Plantas após os estádios de 4 a 6 folhas tornam-se tolerantes ao ataque do percevejo barriga verde. Pesquisa desenvolvida na Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS) evidenciou que o nível de dano para o controle do percevejo barriga-verde no milho está em torno de um percevejo para cada metro linear de fileira de plantas (cerca de cinco plantas de milho). No entanto, os cálculos de nível de dano podem variar de ano para ano, dependendo do estádio da planta em que ocorre a infestação do percevejo, do nível de produtividade da cultura, do grau de suscetibilidade da cultivar, bem como do custo de controle utilizado para essa praga na cultura.

Fotos: Crébio José Ávila
 



More news from: EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


Website: http://www.embrapa.br

Published: May 2, 2012



SeedQuest does not necessarily endorse the factual analyses and opinions
presented on this Forum, nor can it verify their validity.

 

 

 

 

 

 

 

 


Copyright @ 1992-2025 SeedQuest - All rights reserved