Brazil
April 13, 2016
Grupo formado por oito técnicos da Epagri envolvidos com a cadeia produtiva do arroz nas diversas regiões do estado realizaram roteiro técnico para conhecer a experiência gaúcha de produção e beneficiamento de arroz orgânico e tipos especiais. O evento, viabilizado pelo SC Rural, aconteceu nos dias 29 e 30 de março. O objetivo foi conhecer as técnicas e o processo de gestão adotados pelas famílias gaúchas envolvidas na atividade.
O engenheiro-agrônomo André Oliveira foi coordenador do roteiro pelo Instituto Rio Grandense de Arroz (Irga). Ele avalia que essa foi “uma importante ocasião para mais uma vez reafirmarmos os laços entre Epagri e Irga, com uma troca de experiências bem prática e dentro de áreas de produção, junto com os agricultores, em unidade de experimentação participativa”.
O roteiro começou com uma visita ao agricultor Juarez Pereira, guardião de sementes de mais de 28 variedades de arroz, algumas com mais de 75 de cultivo pela família. Ele beneficia e comercializa a produção em uma importante feira de produtos orgânicos de Porto Alegre.
À tarde, o roteiro continuou na Fazenda Capão Alto das Criúvas, da família de João e Helena Volkmann, em Sentinela do Sul. Além de toda a produzir, processar e comercializar produtos de arroz biodinâmico, a propriedade desenvolve atividades de capacitação e formação em agricultura biodinâmica, pedagogia waldorf e medicina antroposófica. A produção é muito diversificada, com integração lavoura-pecuária bovina e bubalina, produção de plantas bioativas, preparados biodinâmicos, hortaliças, frutas e produtos de subsistência.
Na manhã do dia 30 o roteiro seguiu para Viamão, em visita ao projeto de assentamento promovido pelo Incra em 1998. O assentamento possui uma área de 1600ha cultivados em sistema agroecológico/orgânico. “Esta foi a forma encontrada para compatibilizar a presença e produção humana em uma área de preservação ambiental, a Unidade de Conservação Estadual Refugio da Vida Silvestre do Banhado dos Pacheco”, relata Marthin Zang, assentado e um dos gestores das questões ambientais ligadas à produção. A tarde a visita foi à agroindústria de panifícios e de processamento de vegetais e conservas (verduras, mandioca, abóbora etc), que tem atendido diversos mercados, desde merenda escolar a grupos hospitalares e varejo.
Segundo o engenheiro-agrônomo Douglas George de Oliveira, que na Epagri é líder do projeto grãos no sul catarinense, as experiências visitadas possuem importantes diferencias. “Um deles é a mudança de paradigma de produção, para um modelo mais sustentável. Outro fator importante é o beneficiamento dos produtos e o encurtamento da cadeia através da comercialização direta. Isto agrega valor e permite ao produtor se apropriar da riqueza gerada pela sua produção”, analisa.
O sul catarinense possui hoje uma área de aproximadamente 250ha de arroz em sistema de produção orgânica, não chegando a 1% da área cultivada no estado. Isto mostra a possibilidade de expansão da produção, visto que ela ainda não atende à demanda de produto pelas empresas de beneficiamento, que ainda compram parte do arroz orgânico do RS. É fato que há espaço e oportunidade ao rizicultor orgânico do Estado, sendo que este modelo de produção combina muito bem com modelo de propriedade catarinense.
O encontro foi também uma articulação para a 3ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Produção Orgânica de Arroz – ORP3, que será realizada em 2018 no Estado. As outras duas edições aconteceram na França (2012) e na Itália (2015). Em 2021 a conferência será realizada no Japão.