Brazil
September 17, 2015
Colocar em pauta todo o sistema produtivo do setor de sementes de forrageiras, que, apesar de extremamente relevante, ainda carece de aprimoramento e produção de conhecimento técnico e científico. Esse foi o desafio do segundo Simpósio Brasileiro de Sementes de Espécies Forrageiras, realizado durante o 19º Congresso Brasileiro de Sementes.
"O Brasil apresenta mais de 120 milhões de hectares de forrageiras cultivadas, fornecendo alimentação para um rebanho estimado em mais de 170 milhões de cabeças, ocupando posição de destaque com o maior rebanho comercial do mundo e maior exportador mundial de carne bovina", afirmou a coordenadora do Simpósio, a engenheira agrônoma Jaqueline Verzignassi, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte.
Atualmente, o Brasil produz cerca de 60 mil toneladas de sementes de espécies forrageiras puras ao ano. Cerca de 20% desse montante são exportados para mais de 20 países. Considerando apenas sementes de forrageiras tropicais e o mercado formal, o setor movimenta aproximadamente 1,2 bilhão de reais por ano.
Mas grandes produtores tendem a enfrentar problemas proporcionais. No Brasil, um deles é a pirataria. Segundo Verzignassi, a prática é responsável por grandes prejuízos financeiros para o sistema produtivo, para a pesquisa e para o consumidor. "Estima-se que 30% das sementes de espécies forrageiras comercializadas sejam piratas – o que é sinônimo de perda para todos os envolvidos na cadeia produtiva. O País deixa de arrecadar impostos, os obtentores dos genótipos deixam de arrecadar royalties e, consequentemente, a pesquisa deixa de receber os dividendos para apoio em suas atividades", apontou.
Outra barreira ao pleno desenvolvimento do setor de forrageiras é a comercialização de sementes abaixo dos padrões mínimos exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Verzignassi explicou que o assunto tem sido bastante discutido pelos diversos setores que compõem a cadeia produtiva de sementes de forrageiras no Brasil e que também será abordado no Simpósio. Assim como o processo de certificação, que vem sendo cada vez mais reconhecido como "ferramenta ligada ao controle de qualidade da produção de sementes e fundamentada na preservação da identidade genética das sementes comercializadas".
Para o futuro do setor, as expectativas são positivas: o mercado vem crescendo e ganhando notoriedade. "[Esperamos] pela mudança de postura do consumidor no que se refere à escolha das sementes, com a consequente melhoria da qualidade do produto ofertado", concluiu.
*Foto: R.R. Rufino